Sim, pois não adianta somente lembrar dos índios apenas um dia. Eles fazem parte de nossa história e têm muito a nos ensinar. Mas, justamente por serem importantes, foi reservada uma data no calendário anual para comemorar o Dia do Índio, que é 19 de abril.
Quer saber porque esse dia? Bem, é que nessa data, no ano de 1940, foi realizado o I Congresso Indígena da América Latina, no México, com objetivo de divulgar a cultura indígena em toda a América e também para que os governos criassem normas em relação à qualidade de vida dos povos indígenas, que ainda sofriam com a discriminação do homem branco.
Tupinambás lutam por sua identidade
Leonardo Gonçalves coordenador de Educação Indigena de Olivença e Ciomária Alves-coordenadora Municipal de Cultura de Várzea do Poço-BA.
Os índios Tupinambás de Olivença lutam pelo reconhecimento e querem preservar a história da tribo. Chamados de tupiniquins («povo vizinho», em tupi-guarani) pelos portugueses, eles não tiveram uma relação amistosa com os colonizadores. São inúmeros os relatos de genocídio contra os índios e muitos povos desapareceram ao longo de séculos de dominação. Hoje, a luta dos Tupinambás é para preservar o que resta da cultura da tribo. Eles se dividem em aldeamentos espalhados pelo sul da Bahia e norte do Espírito Santo. Ao todo, são cerca de 330 famílias, em torno de 1.200 pessoas, mas acredita-se que o número de descendentes de Tupinambás pode chegar a 5 mil pessoas. A aldeia Tupinambá em Sapucaieira, a 20 quilômetros de Olivença, faz parte de um conjunto de 12 comunidades existentes entre Canavieiras e Ilhéus. Sem áreas demarcadas, esse povo vive sufocado entre grandes propriedades rurais, sem as mínimas condições de saúde, educação e moradia. Na aldeia não há sequer energia elétrica. A falta de trabalho é outro problema. Como não possuem terras para cultivar, os Tupinambás são obrigados a trabalhar como empregados em fazendas vizinhas à aldeia. A renda média é inferior a um salário mínimo por família. A devastação da floresta impede o extrativismo e a miséria está presente nas casas da aldeia. A pedagoga Núbia Batista da Silva, formada pela Uesc, é descendente dos Tupinambás e, apesar do curso superior, decidiu retornar à aldeia. «Quero lutar pelo reconhecimento do nosso povo enquanto nação indígena e também por qualidade de vida», diz Núbia. Ela tem participado de encontros regionais e nacionais de povos indígenas: «temos que superar o isolamento. Não estamos sózinhos e esperamos ter uma participação ativa nessa discussão sobre os 500 Anos do Descobrimento do Brasil, que para nós significam 500 anos de exploração». De acordo com Núbia, os traços culturais mais fortes dos Tupinambás ainda persistem, como a dança, o artesanato, a música e a culinária. A língua, bem registrada pelos Jesuítas, foi preservada, embora o tupi seja completamente ignorado na aldeia em Olivença. Desde 1982, antropólogos da Universidade Federal da Bahia, pesquisadores portugueses e representantes de ONGs vêm realizando um amplo estudo sobre os Tupinambás e sua organização, evitando o desaparecimento da tribo. Com o olhar cheio de esperança, Luiz Damásio, um velho índio de 73 anos, fala com alegria das lutas que os mais novos estão travando. «Quando eu era jovem a maioria dos índios era muito inocente. Os fazendeiros vinham aqui e tomavam a nossa terra», diz. Damásio foi um dos poucos que não venderam o sítio e não se arrepende: «esse é meu chão, o chão dos meus filhos e dos meus netos». Para Núbia, com as atenções do mundo voltadas para os 500 anos do Brasil, chegou a hora do reconhecimento. «Somos um povo com identidade própria e queremos preservar nossa história», afirma Núbia Batista.
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